Creso Villela foi presidente do Sinduscon-DF, de 1973 a 1979, e reconhecido por Juscelino Kubitschek como apoiador do desenvolvimento nacional
Comunicação Sinduscon-DF
Pioneiro de Brasília e um dos responsáveis pelas obras do Congresso Nacional e da Praça dos Três Poderes, o ex-presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Distrito Federal (Sinduscon-DF) Creso Villela morreu, na sexta-feira (3/5), aos 95 anos. Ele estava em casa, na capital federal. A cremação será realizada no domingo (5/5), antes de uma pequena cerimônia restrita a familiares, atendendo a pedido escrito deixado por ele. De acordo com a família, a causa da morte foi insuficiência respiratória aguda.
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“Creso Villela foi uma referência de empresário, líder sindical e ser humano. Sua partida deixará um vazio na história da cidade, especialmente na construção civil, mas também um enorme legado para as pessoas que o conheceram e para o setor seguir cada vez mais forte com seus ensinamentos”, disse o atual presidente do Sinduscon-DF, Adalberto Valadão Júnior. Creso Villela presidiu a entidade de 1973 a 1976 e de 1976-1979.
Entre os familiares, ficam as boas memórias. “Uma pessoa singular”, disse o engenheiro Eduardo de Oliveira Villela, de 62 anos, um dos sete filhos de Creso, fundador da construtora Villela e Carvalho, que está na terceira geração. Ele deixa outros seis filhos: Jerônimo, Mônica Beatriz, Ana Lúcia, Claudio, Paulo e Ana Paula, além de dezenas de netos. “Um encantador de pessoas”, afirmou Claudio sobre o pai.
“Ontem [sexta-feira], às 17:35, descansou meu avô doutor Creso Villela. Expirou dormindo e sem dores”, contou o engenheiro civil Vitor Villela, um dos netos do patriarca da família. “Será para sempre um ícone de pioneirismo e engenharia pura na construção civil e no mercado imobiliário da cidade”, acrescentou.
HISTÓRIA DE VIDA
Creso Villela nasceu, no dia 17 de janeiro de 1929, em Jataí (GO), município fundado pelo seu tataravô e onde, 26 anos depois, Juscelino Kubitschek disse, publicamente, pela primeira vez, que a capital do país seria construída no interior do Brasil. O anúncio ocorreu durante um comício de sua então candidatura a presidente da República.
O fiscal de obras do Congresso Nacional e da Praça dos Três Poderes passou parte de sua infância em Catalão, a 540 km de Jataí. Depois, aos 12 anos, foi morar com um tio no Rio de Janeiro para investir ainda mais nos estudos. Ainda criança, dizia que queria entrar para a aeronáutica, mas, ao terminar o colegial, o pai não o autorizou a entrar no cadastro de reserva.
Creso Villela mudou-se para Brasília em 1958, um ano depois de se formar engenheiro arquiteto, título concedido pela Faculdade Nacional de Arquitetura da Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro, aos 29 anos. Viveu o auge da construção da nova capital federal. “Nossa arquitetura moderna estava em pleno prestígio e evidência mundial”, disse ele, em uma ocasião.
Em 1959, Creso Villela foi contratado pela Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap) e, com sua esposa, Ernestina, conhecida como Tininha, morou em um acampamento onde hoje fica o estacionamento do Senado. “Brasília foi um canteiro de obra extraordinário para mim”, contou ele, em outra ocasião. Sua primeira função foi fiscalizar as obras do Congresso Nacional.
RECONHECIDO POR JUSCELINO KUBITSCHEK
A partir de 1961, como chefe da 2ª Divisão de Obras do Departamento de Edificações da Novacap, Creso Villela foi responsável pelas obras de edificação da Praça dos Três Poderes, localizada no início da Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Naquele mesmo ano, ele recebeu uma carta escrita pelo então presidente da República, Juscelino Kubitschek, em que reconhece o patriótico apoio do engenheiro arquiteto à luta travada na condução do desenvolvimento nacional.
Depois de ocupar diversos cargos de gestão pública quando a verticalização de Brasília estava em pleno vapor, em 1968, em meio a mudanças no governo, Creso Villela viu que estava na hora de investir na iniciativa privada e fundou sua construtora, a Villela e Carvalho, que, entre obras no setor imobiliário, shoppings, hotéis e usina hidrelétrica, já construiu mais 800 mil metros quadrados no Distrito Federal. Foram da Construtora Villela e Carvalho os primeiros documentos de habite-se em Águas Claras e no bairro Noroeste.
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Creso Villela criou uma verdadeira relação de amor com a atual capital brasileira, onde nasceram dois de seus sete filhos. Os cinco primeiros filhos de Creso Villela e Tininha nasceram na antiga Goiás Velho, hoje Cidade de Goiás, na casa da avó materna deles. A esposa de Creso, Ernestina, conhecida como Tininha, faleceu em 2019. Os dois viveram juntos por 65 anos, considerando namoro, noivado e casamento.
HOMENAGENS
A seguir, leia declarações de ex-presidentes do Sinduscon-DF e líderes da construção civil sobre Creso Villela:
“Foi sem dúvida um grande presidente do sindicato. Sua honestidade era sem limite. Nunca deixou de cumprir todos os compromissos”.
Eduardo Brandão Cavalcante, ex-presidente do Sinduscon-DF
“Reconhecido e respeitado líder do setor, em razão de suas posições, todas coerentes com os seus pensamentos em defesa da indústria da construção civil”.
José Eustáquio Ferreira, ex-presidente do Sinduscon-DF
“Convivi com o Creso profissionalmente e conheço um pouco da sua vida pessoal pelo convívio e proximidade que tenho com o seu filho Eduardo. ele sempre transmitiu responsabilidade e retidão. Presidiu o Sinduscon-DF num momento em que Brasília passava por um crescimento vertiginoso, ainda na fase, digamos assim, da sua implantação. Pela excelência e seriedade da sua gestão, só isso já é um grande legado para o setor da construção civil. A sua própria empresa, Villela e Carvalho, pelo quanto participou da construção da cidade, se mantém, participando até hoje, como uma empresa de referência. Na convivência com o Creso, uma coisa que me chamou a atenção foi o cuidado e o apoio orientativo que me prestou quando assumi a presidência do Sinduscon-DF, à época, muito jovem para o cargo, como que demonstrando e querendo, ao seu modo, que me saísse bem, mantendo a continuidade do crescimento que o sindicato experimentava e necessitava”.
Adalberto Cleber Valadão, ex-presidente Sinduscon-DF
“Uma pessoa determinada, sincera, honesta que lutou bravamente pelos interesses do setor da construção. Uma grande figura humana”.
Márcio Edvandro Rocha Machado, ex-presidente do Sinduscon-DF
“O Creso Villela era uma pessoa ética, de bom caráter, amigo dos amigos. Tinha muito orgulho da família e dos amigos que ele formou na sua vida profissional. Como maior legado, deixa a união das empresas da construção na luta por uma Brasília mais humana e a busca de uma maior qualidade nas obras públicas e privadas, o que ele sempre buscou na sua empresa, que é referência hoje quanto ao cumprimento de contratos e obras com maior qualidade na sua execução. Era a sua obsessão. Há um caso curioso que ele me contou, em uma de suas sessões de contador de causos. Como eu disse, ele tinha muitos amigos de todas as classes, alguns mais chegados, outros formais. Em todo Natal, ele distribuía cartões e brindes. Para os mais chegados, Feliz Natal acompanhado com alguns palavrões, bem pesados, mas “com carinho”. Aos formais, “Feliz Natal, Excelência”. Acontece que, logo após um Natal, ele recebeu uma ligação de um desembargador que, estupefato, perguntou se ele tinha certeza que aquilo que estava no cartão era o tratamento que ele, autoridade, merecia receber dele, Creso. Aí ele percebeu que tinha trocado o cartão, e os dois caíram na gargalhada. O Desembargador acabou mudando de status, passou para a lista dos amigos não formais. Esse era o Creso: Ético, íntegro, bom caráter, excelente pai, bom amigo, bom contador de causos e que irradiava alegria”.
Elson Ribeiro e Póvoa, ex-presidente do Sinduscon-DF
“Tive o privilégio de conhecer de perto o Creso. Era um homem de muita personalidade e notável honestidade. Fingia que gostava de dar broncas com aquele vozeirão goiano, mas tinha um coração maior que ele. Grande figura, grande amigo, enorme perda”.
João Carlos Pimenta, ex-presidente do Sinduscon-DF
“Creso era um humanista, homem simpático, falante, positivo, corria risco porque sabia que podia e devia confiar. Foi assim na vida profissional. Sei porque meu pai trabalhava na iniciativa privada sob sua supervisão, então funcionário da Novacap, e por ele nutria admiração, na vida pessoal com os filhos, razão da empresa que fundou, a Villela e Carvalho, ter se tornado uma das maiores do setor na segunda geração e já estar pronta para o futuro, sob gestão da terceira. No velório da esposa encontrou tempo, sabendo que eu era descendente de gregos, para me contar histórias engraçadas de um grego pioneiro e empreendedor de sucesso em Brasília e, mais tarde, quando o contatei para cuidar de merecida homenagem em vida por parte do Sinduscon-DF, entidade que presidiu, perguntou primeiro pelo meu pai e, em seguida, a nossa conversa. Liguei pra ele para conversarmos sobre os tempos de fundação da capital. Um homem que gostava de seu passado, vivia feliz o seu presente, deixou legado e ainda viveu bem e com saúde por 95 anos. Eu tenho é inveja do “seu” Creso”.
Dionyzio Antonio Martins Klavdianos, ex-presidente do Sinduscon-DF
“Estive com o doutor Creso por duas ou três vezes. O que eu consigo falar um pouco é sobre a Construtora Vilella e Carvalho, criada por ele e desenvolvida, principalmente, pelo Eduardo, filho dele. Pessoas muito boas, corretas e extremamente competentes. Isso se reflete na empresa que alcançou um nível de excelência única a nível de Brasília e Brasil”.
João Gilberto de Carvalho Accioly, 1º vice-presidente do Sinduscon-DF
“É com pesar que recebemos a notícia do falecimento do senhor Creso Villela. Um homem digno e honrado que muito fez pela nossa capital e contribuiu de forma significativa para que o setor da construção civil tivesse a força que tem hoje. Além da sua história como empresário, Creso sempre acreditou no potencial social das empresas e apoiou as obras sociais, entre elas o nosso Seconci-DF. Esse legado ficou marcado em toda sua família e, hoje, é com pesar que nos despedimos desse companheiro e parceiro que tanto nos inspirou. Nossos sentimentos aos familiares neste momento de luto”.
Carlos Eugênio de Faria Franco, presidente do Seconci-DF