São seis as unidades federativas que reconhecem situação de emergência por causa do avanço da doença transmitida pelo Aedes aegytpi. Em Brasília, ministros lançam campanha de mobilização nas escolas
O Espírito Santo e o Rio de Janeiro decretaram, ontem, estado de epidemia de dengue, e somam-se a quatro unidades federativas que já haviam reconhecido a emergência do avanço da doença — Acre, Distrito Federal, Goiás e Minas Gerais. Segundo o Painel de Arboviroses do Ministério da Saúde, o Brasil registra mais de 715 mil casos de dengue, 135 mortes e 481 óbitos em investigação.
O governador capixaba, Renato Casagrande (PSB), anunciou a situação de emergência após se reunir com prefeitos, no Palácio Anchieta, em Vitória. A medida permite que o governo assuma despesas e adote procedimentos administrativos para conter o avanço da doença, como a aquisição de insumos e a contratação de serviços. O Espírito Santo está em sexto lugar no ranking de incidência, com 557 casos por 100 mil habitantes.
“Estamos com uma situação grave em diversos estados do país. Temos duas pessoas que, infelizmente, perderam a vida (no estado), e outros 11 casos em investigação. Alguns municípios montaram uma sala de situação. Quem ainda não montou, é importante tomar essa decisão para que fique integrado conosco”, alertou Casagrande.
Rio de Janeiro
O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, também decretou situação de epidemia em todo o estado, que ocupa o sétimo lugar no ranking Brasil, com 332 casos/100 mil habitantes. Desde 5 de fevereiro, a cidade do Rio está em situação de alerta. “É uma ação importante para que a gente possa trabalhar com tranquilidade, para que não falte nada para a população e a gente possa não ter, daqui a pouco, um acúmulo de casos, simplesmente, pelo preciosismo de não decretar epidemia”, explicou o governador.
De acordo com o governo fluminense, são mais de 49 mil casos de dengue neste ano, 20 vezes acima do esperado, com quatro mortes confirmadas. “Temos uma projeção de aumento de casos para as próximas seis a 10 semanas, ainda”, alertou Castro.
Entre as sete unidades federativas com maior taxa de incidência da doença, apenas o Paraná não decretou epidemia ainda. O estado sulista ocupa a quarta posição no ranking, com 649 casos/100 mil habitantes.
Quem lidera a lista é o Distrito Federal, com 2.922 casos para cada grupo de 100 mil habitantes, e mais 82 mil em investigação. A capital do país declarou situação de emergência em 25 de janeiro. Nas primeiras três semanas do ano, o DF chegou a 17,1 mil casos — aumento de 646% em relação ao mesmo período de 2023.
Na sequência, está Minas Gerais, com 1.199 casos/100 mil habitantes e 246 mil prováveis. O estado decretou epidemia pela doença em 28 de janeiro, quando atingiu 11,4 mil casos confirmados nas primeiras três semanas do ano.
O Acre é o terceiro estado com maior incidência (727/100 mil hab.) e o primeiro a decretar emergência no Brasil, na primeira semana de janeiro, quando o número de contaminados havia atingido 1.205 pessoas — 800% a mais que no mesmo período no ano anterior.
Por fim, Goiás ocupa a quinta posição, abaixo do Paraná, com 625 casos por 100 mil habitantes. O estado declarou situação de emergência em 3 de fevereiro, ao atingir 22.275 casos de dengue e duas mortes, o que representa um aumento de 58% na comparação com o mesmo período de 2023.
Alerta internacional
A situação no país levou a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) a emitir alerta epidemiológico para que os países das Américas intensifiquem o controle do mosquito Aedes aegypti, principal vetor da dengue. De acordo com a entidade, as Américas registraram, nas primeiras cinco semanas do ano, aumento de 157% nos casos de dengue, em relação ao mesmo período do ano passado.