Com número recorde de afastamentos por problemas psicológicos, criar um ambiente emocionalmente saudável no trabalho torna-se urgente — e estratégico.
Neste 7 de abril, data em que se celebra o Dia Mundial da Saúde, um tema ganha força nas organizações: o bem-estar mental dos colaboradores. Em um cenário onde transtornos emocionais e psicológicos estão entre as principais causas de afastamentos do trabalho no Brasil, pensar em saúde mental dentro das empresas deixou de ser opcional para se tornar uma necessidade estratégica e legal.
Segundo dados recentes do Ministério da Previdência Social, somente em 2024 foram registrados quase meio milhão de afastamentos do trabalho por causas relacionadas à saúde mental — o maior número da última década. A preocupação é respaldada também pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que define saúde como o estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doenças.
Pressão por adequações cresce com nova norma trabalhista
A Norma Regulamentadora NR-01, que trata da segurança e saúde no trabalho, foi atualizada em 2023 e começa a ser fiscalizada a partir de maio de 2025, com possibilidade de aplicação de multas para empresas que não se adequarem. Isso inclui ações preventivas relacionadas à saúde emocional dos profissionais.
Nesse contexto, diagnosticar e gerenciar riscos psicossociais tornou-se essencial. “O primeiro passo é reconhecer a importância do tema e realizar um diagnóstico psicossocial que ajude a mapear os riscos e direcionar ações eficazes”, explica Nayara Teixeira, Diretora de Produto e Operações da Mapa HDS, empresa especializada em diagnósticos psicológicos e psicossociais.
Cultura de escuta e apoio: pilares de um ambiente saudável
Mais do que cumprir normas, as organizações que valorizam o bem-estar psicológico aumentam o engajamento e a produtividade de suas equipes. Para isso, é necessário criar canais seguros de comunicação, nos quais os colaboradores sintam-se à vontade para expressar preocupações, dificuldades e necessidades sem medo de retaliação.
“Definir políticas claras e rever estruturas de trabalho para promover equilíbrio emocional é uma medida preventiva eficaz contra transtornos como o burnout”, pontua Nayara. Ela ainda destaca que ambientes seguros e empáticos são fundamentais para identificar sinais precoces de sofrimento psíquico.
Flexibilidade, propósito e organização são aliados do bem-estar
Entre as medidas práticas que podem ser adotadas pelas empresas estão: adoção de horários flexíveis, definição clara de processos, distribuição equilibrada de tarefas e expectativas realistas de entrega. Essas ações reduzem a sobrecarga, minimizam o estresse e fortalecem a sensação de pertencimento entre os colaboradores.
“É essencial criar um ambiente onde o colaborador se sinta valorizado, alinhado às estratégias da empresa e com propósito claro. Isso impacta diretamente na motivação e na retenção de talentos”, reforça a especialista.
O RH como protagonista da mudança
A área de Recursos Humanos tem papel central na implementação e sustentação de programas de saúde mental. A construção de políticas efetivas, treinamentos para lideranças, campanhas de conscientização e parcerias com especialistas são passos fundamentais para criar uma cultura de cuidado contínuo.
Neste Dia Mundial da Saúde, fica o alerta: cuidar da saúde mental no ambiente corporativo é, acima de tudo, um investimento humano com retorno direto no desempenho e na sustentabilidade dos negócios. O futuro das empresas passa, inevitavelmente, por ambientes mais saudáveis, empáticos e emocionalmente equilibrados.
Por Mundo RH