A Semana CANPAT Construção 2024, organizada pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) por meio de sua Comissão de Política de Relações Trabalhistas (CPRT), iniciou, nesta segunda-feira (7), com falas importantes que ressaltaram a importância da segurança e saúde no trabalho na indústria da construção. Com o tema “Impacto das Normas Regulamentadoras na Gestão de Segurança e Saúde no Trabalho na Indústria da Construção”, o evento se propõe a discutir e aprimorar as condições laborais em um setor que emprega milhões de trabalhadores no Brasil.
Renato de Sousa Correia, presidente da CBIC, iniciou sua fala destacando o longo caminho que a CBIC e as entidades parceiras têm percorrido para promover melhores condições de saúde e segurança no setor. Ele frisou o caráter colaborativo das ações, mencionando o envolvimento de instituições como a Secretaria de Inspeção do Trabalho, SESI, Sinduscon-SP, Seconci e outras, todas unidas por um esforço coletivo em prol dos trabalhadores da construção civil.
Correia sublinhou a complexidade do setor ao mencionar que o Brasil conta com cerca de 3 milhões de trabalhadores formais distribuídos em 170 mil empresas, das quais 90% são pequenas, com menos de 30 funcionários. “É um universo muito pulverizado”, explicou ele, evidenciando a dificuldade de implementação de políticas uniformes de saúde e segurança em um ambiente de trabalho tão diversificado. “Existe um esforço sistêmico de melhorar esse ambiente de trabalho para que possamos produzir com segurança, qualidade de vida, e entregar aquilo que é importante para o cidadão brasileiro: habitação e infraestrutura.”
Ele ainda ressaltou o papel essencial das Normas Regulamentadoras (NRs) no cumprimento dessas metas, destacando que a melhoria contínua das regulações e treinamentos é um dos caminhos para garantir que o setor opere de forma mais segura e sustentável. “Temos um grande déficit habitacional e carências na área de infraestrutura, e cada um aqui está organizando o setor da indústria da construção para que possamos transformar esse ambiente com sustentabilidade, saúde e segurança”, afirmou, agradecendo também aos trabalhadores que se dedicam diariamente a se profissionalizar e cuidar uns dos outros, numa verdadeira atuação em equipe.
Ricardo Dias Michelon, vice-presidente de Política de Relações Trabalhistas da CBIC, reforçou a importância da Semana CANPAT e deu um panorama das atividades programadas para os próximos dias. Ele destacou que o evento se encerrará com o Dia Nacional da Saúde e Segurança nas Escolas da Indústria da Construção (DNSSE|IC), uma iniciativa que visa promover a cultura da prevenção entre os estudantes do ensino fundamental e médio. “Esses jovens serão os futuros empreendedores e trabalhadores, e semear essa cultura de prevenção desde cedo é essencial”, afirmou Michelon, reforçando a importância de integrar os conceitos de segurança e saúde no ambiente escolar.
Michelon também destacou o papel da CBIC em coordenar ações de segurança no trabalho desde 2017, afirmando que o setor tem evoluído significativamente nesse aspecto. Segundo ele, as várias iniciativas promovidas pela CBIC, como publicações técnicas, vídeos orientativos e debates entre trabalhadores, governo e empresários, têm gerado impactos positivos, com a redução gradual de acidentes no setor. “Costumo dizer que prevenção é, acima de tudo, cuidado”, afirmou Michelon. “Nosso setor depende fundamentalmente de pessoas, e cuidar dessas pessoas é estratégico para a evolução do nosso ambiente de trabalho.”
Ele também mencionou que a escassez de mão de obra qualificada é um dos grandes desafios atuais do setor, o que torna a melhoria do ambiente de trabalho ainda mais urgente. “A evolução desse ambiente vai nos permitir trazer mais tecnologia, aumentar a produtividade e melhorar a qualidade do nosso trabalho. Nesse ambiente de sinergia, todo mundo ganha”, concluiu Michelon, reforçando o papel central da CBIC em liderar essas discussões.
Emmanuel Lacerda, Superintendente de Saúde e Segurança na Indústria do SESI/DN, trouxe uma perspectiva institucional, destacando a missão do SESI em promover ambientes de trabalho saudáveis. Segundo ele, a participação do SESI na CANPAT Construção é natural, dado o alinhamento da missão da instituição com a promoção da saúde e segurança. “Esse evento tem caráter de discussão, de debate e de construção, busca de soluções, algo que está totalmente em sintonia com a nossa missão estatutária”, disse Lacerda.
Ele também pontuou um aspecto relevante que vai além dos acidentes de trabalho: as doenças comuns e crônicas que afetam a saúde dos trabalhadores. “Temos dado uma lupa nessas questões, pois grande parte dos afastamentos dos trabalhadores não está relacionada diretamente ao trabalho, mas a doenças crônicas e outras condições de saúde”, explicou Lacerda, destacando a importância de tratar esses fatores para garantir o bem-estar geral do trabalhador.
Rogério Silva Araújo, Diretor do Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho da Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT/TEM), enfatizou a relevância do diálogo social para o avanço das normativas de segurança no setor. “Manter esse diálogo social aberto e pujante é extremamente importante para nós, enquanto governo, para que possamos avançar em conjunto nas regulações”, disse ele.
Araújo trouxe um dado preocupante à tona: o Brasil gasta, em média, 4% do seu PIB com acidentes e adoecimentos relacionados ao trabalho, o que representa cerca de R$ 80 bilhões por ano. “Precisamos, mais uma vez, olhar para o trabalho e pensar na segurança e saúde como um investimento, não como um custo”, afirmou Araújo, destacando que a redução de acidentes aumenta a produtividade e impulsiona o crescimento econômico.
Ele também mencionou a reativação da Comissão Nacional da NR 18, responsável por discutir e propor melhorias na norma que rege as condições de segurança no setor da construção. A participação de trabalhadores, empregadores e governo é fundamental para garantir que as atualizações sejam eficazes na prevenção de acidentes e no cuidado com a saúde dos trabalhadores.
Haruo Ishikawa, Vice-presidente do Sinduscon-SP e Coordenador do Grupo Estratégico de SST da CPRT/CBIC, reforçou a importância de tratar a segurança e saúde como um investimento. “Segurança e saúde para a CBIC é investimento, não é gasto”, afirmou, ressaltando que o discurso da CBIC tem sido o de que investir em segurança resulta em lucro para as empresas, uma visão que ele considera essencial para o setor da construção.
Falando em nome do Seconci-Brasil, Ishikawa destacou o papel dessa instituição como braço técnico da CBIC na área de segurança e saúde. “O Seconci-Brasil está presente em todo o Brasil, oferecendo suporte técnico à CBIC e à construção civil na área de segurança e saúde”, disse ele. Ishikawa também destacou a parceria do SESI como fundamental para a aquisição de conhecimento científico voltado à prevenção de acidentes no setor.
Em sua fala, ele reforçou que, ao contrário do que muitos acreditam, o setor da construção não é o que mais registra acidentes, mas sim o que mais investe em segurança. “De norte a sul, leste a oeste, a CBIC está de parabéns com todos os Sinduscon’s colaborando. O setor da construção é o que mais investe em segurança hoje no Brasil”, concluiu.
Confira a íntegra da abertura da Semana CANPAT 2024 clicando aqui ou acessando o perfil oficial da CBIC no YouTube.
O tema tem interface com o projeto “Conhecimento, Segurança e Saúde no Trabalho”, da Comissão de Política de Relações Trabalhistas (CPRT) da CBIC, com a correalização do Serviço Social da Indústria (Sesi).
Fonte: Agência CBIC